Editorial
Situação desumana
Se nada mudou desde o fechamento desta edição, nesta quinta-feira (11) a comunidade da área rural de Arroio Grande completa três semanas sem luz. Como o título indica, é uma situação desumana. E o pior de tudo é que não é daquelas ocorrências pontuais, em que um problema surge e demora a ser resolvido. Duas reportagens neste Jornal, nas páginas 3 e 9, mostram a recorrência dessa situação causada pela CEEE Equatorial.
Imagina-se que para o leitor deve ser até um tanto maçante a repetição da abordagem deste tema, tanto em reportagens quanto em editoriais. No entanto, o jornalismo tem por função expor esse tipo de situação e, embora não necessariamente seja responsável pela solução, ajuda a amplificar a voz de quem está reclamando e a manter um registro histórico do que aconteceu.
Esse tipo de conteúdo serve, por exemplo, como base jurídica também. É o caso da reportagem feita pela nossa equipe em julho do ano passado, quando contamos a história de um casal na Estrada do Abolengo que ficou 15 dias sem luz. A situação desumana retratada por uma marcante foto de Carlos Queiroz, com dois idosos com olhar desolado, foi uma das anexadas no processo movido pelo Ministério Público contra a CEEE Equatorial, como traz Douglas Dutra na página 9 de hoje.
Enquanto se espera pela solução do caso de julho, cá estamos, quase nove meses depois, contando praticamente a mesma história. Só muda o local e os personagens. Na reportagem de capa e ampliada na página 3, quase tudo igual: olhar desolado, perdas, desesperança. E uma semana a mais na conta. Victoria Dutra e Jô Folha foram a Arroio Grande e acompanharam a comunidade que, por mais que faça protestos, como o despejo de leite estragado, ou trancando a rodovia, nada de solução. Alguns entrevistados foram às lágrimas conversando com a equipe do DP.
A situação é desesperadora e desumana. As autoridades precisam se mexer para além das notas de repúdio, cobranças para que não aconteça e reuniões a portas fechadas com notinhas e postagens em redes sociais. É preciso se certificar de que não irá se repetir. A desesperança e a descrença no serviço prestado já tomaram conta da comunidade. Não é aceitável que haja uma terceira vez para a mesma história.
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